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Equoterapia é oferecida pelo SUS a pessoas com deficiência em Mariana

Atualizado: 9 de ago. de 2023

Atualmente, 30 praticantes são atendidos na cidade; Minas é o segundo estado do país em centros de equoterapia, oferecendo 49 espaços especializados


Quadro de entrada do Centro de Equoterapia de Mariana. | Foto • Lucas Lopes

Lucas Barbosa Lopes e Marcela Aguilar de Mattos


A equoterapia é um método que utiliza cavalos dentro da abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, promovendo ganhos em níveis físico e psíquico junto a pessoas com deficiência. É uma prática ainda pouco conhecida, mas que atualmente é ofertada em diversos municípios brasileiros por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Mariana, a equoterapia é oferecida através da Associação Pequeno Arthur, que atua no município desde 2021 de forma gratuita, e possui atualmente 30 praticantes que realizam a terapia no local.


As sessões são realizadas na sede da associação, na Rua Maria Letícia de Miranda Novaes Santos, nº 20, na Rodovia do Contorno, e se estendem às pessoas de todas as faixas etárias. O serviço beneficia, principalmente, famílias assistidas pelas instituições parceiras, como a Comunidade da Figueira, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), o Lar Santa Maria, a Associação das Pessoas com Deficiência de Mariana (ADEM), o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (Caps IJ). Além disso, é disponibilizado ainda por meio de demandas livres, daqueles que não se encontram inseridos em nenhuma destas instituições locais.


Sendo um tratamento complementar, volta-se às pessoas com deficiência, como síndrome de down, paralisia cerebral, transtorno do espectro autista (TEA) , hiperatividade, pessoas com mobilidade reduzida, crianças com microcefalia, trazendo diversos benefícios. Uma das praticantes da Associação Pequeno Arthur é a Clarice Germano, de 7 anos. Ela, que é uma amante de cavalos, todas as quintas-feiras deixa a APAE para realizar suas sessões de equoterapia. Clarice possui uma paralisia no lado esquerdo do corpo, que traz dificuldades motoras nas mãos e nos pés, dificultando sua fala e seu equilíbrio. Desde o início do tratamento, há oito meses, apresentou muitos avanços em seu desenvolvimento.


Sua mãe, Luísa Germano, que a acompanha durante as sessões de terapia, contou sobre as melhorias observadas na filha desde o início da terapia. “A postura dela melhorou bastante, agora ela tem uma postura retinha, a questão da fala também. Quando ela está no cavalo ela fala bastante. Claro que são dias e dias, então, tem dias que ela está super empolgada, e tem dias que nem tanto. Mas vi muita melhora na questão do equilíbrio, ela já tem muito mais autonomia para correr, por exemplo, antes ela não conseguia correr”, declarou.


Ao final da terapia os praticantes interagem com os animais, podendo dar comida e carinho. | Foto • Lucas Barbosa.

Vantagens


Além de promover o desenvolvimento afetivo dos praticantes com os animais, terapeutas e todo o espaço, as sessões de equoterapia estimulam a sensibilidade tátil, visual e auditiva de cada praticante, melhorando a postura e o equilíbrio, a atenção e concentração, além da autoestima, a autoconfiança, interação social, linguagem e o emocional dos praticantes. Os benefícios dessa terapia são reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).


A equoterapia, que estimula e desenvolve os ossos, músculos e articulações, também garante um avanço educativo. Durante as sessões de terapia, a educadora infantil Ariana Costa fornece diversas atividades de aprendizado às crianças, proporcionando um avanço não apenas físico, mas um estímulo cognitivo, para além do que o contato com os cavalos proporciona. Para finalizar as sessões de forma marcante e estimulante, uma música de despedida é cantada pelos praticantes, agradecendo e demonstrando carinho ao animal que os acompanhou naquele dia.

Em cima dos cavalos, os praticantes fazem atividades realizadas pela educadora Ariana Costa. | Foto • Lucas Barbosa

Como ser atendido


Ao final da terapia, uma música de despedida é cantada para agradecer aos animais. | Foto • Lucas Barbosa.

De acordo com a psicóloga e idealizadora da atividade no município, Priscila Amaral, a porta de entrada para o serviço de equoterapia, em Mariana, se dá pelo atendimento de atenção básica de profissionais clínicos e pediatras, que, por meio de um encaminhamento, direcionam os praticantes para o centro de equoterapia para uma avaliação equoterápica, para que assim possam começar a marcar terapias e usufruir do benefício.


Para agendar uma avaliação, é necessário apresentar aos profissionais do Centro de Equoterapia um comprovante de residência, um laudo médico, o encaminhamento médico, o cartão do SUS, um documento oficial da criança e um documento do responsável geral do praticantes, para que seja marcada uma avaliação com a criança e seu responsável.


Após realizar o cadastramento, o praticante é encaminhado para uma lista de espera, onde passa pela avaliação da equipe multidisciplinar, que conta com uma médica, fisioterapeuta e psicóloga. Esta equipe avalia se o praticante está apto para a montaria, pois existem contraindicações absolutas para a prática, como em casos de escoliose e outras deformidades de coluna e quadril, esclerose múltipla, artrite, osteoporose, entre outros. Casos de desalinhamentos posturais, pélvicos ou de coluna, que não podem ser corrigidos também são contraindicados para a prática, que possui indicação de idade mínima de dois anos para os praticantes, salvo em casos de indivíduos com síndrome de down, em que a idade mínima para a prática é de 3 anos, segundo a Associação Nacional de Equoterapia - ANDE BRASIL.


Iniciado o tratamento, os praticantes realizam as sessões acompanhados de seus responsáveis, uma vez que todo o tratamento é focado não apenas no indivíduo, mas em toda a família que o acompanha, havendo uma interação do praticante, animais, terapeutas e familiares, promovendo maior confiança para as crianças. “Eu sempre tive medo de cavalo, mas aqui eu venci o medo porque eles fizeram uma atividade com as mães em que a mãe montava em um cavalo e a criança em outro, pra gente ver e sentir o que a criança sente durante a terapia, promovendo o vínculo com o animal”, contou Luísa, mãe de Clarice.


Os animais fazem parte de todo o processo, recebendo treinamento e carinho dos praticantes.| Foto • Lucas Barbosa.

O local onde acontecem as sessões de terapia foi totalmente adaptado para fornecer conforto aos animais e aos praticantes, contando com uma equipe capacitada com dois fisioterapeutas, uma psicóloga, um equitador e dois guias auxiliares. Para a realização da equoterapia, o espaço conta também com quatro cavalos treinados para fornecer um tratamento adequado, confortável e eficaz, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos praticantes e familiares.


A equipe é especializada para desenvolver o melhor trabalho no Centro de Equoterapia. | Foto • Lucas Barbosa.

Para entrar em contato com o Centro de Equoterapia Pequeno Artur basta ligar no número (31) 9.9505-0245.


Outra opção de contato é pelo Instagram do projeto @equoterapiapequenoartur. O centro se encontra aberto de segunda a sexta, das 8h às 13h, na Rua Maria Letícia de Miranda Novaes Santos, número 20, Loteamento Bouganville Mariana, Minas Gerais, em frente ao Conterplan.


Saiba mais: A Legislação sobre a Terapia


Em maio de 2019, foi aprovada a Lei Nº 13.830 que define a prática da equoterapia, descrita conforme os parâmetros da legislação brasileira. O autor da proposta, o senador Flávio Arns (Rede-PR), argumentou sobre a regulamentação da prática com base em seus diversos benefícios. Sancionar por lei a definição do tratamento significou um grande avanço para a disseminação da equoterapia pelo país. Além de pautar, reconhecer e legalizar a terapia com cavalos, a legislação validou seu uso frente aos sistemas públicos de saúde, possibilitando uma maior acessibilidade a todos os indivíduos. Por legislação, a equoterapia é resguardada por direito a todo indivíduo com recomendação médica ao acesso a essa atividade terapêutica.


Com a regulamentação, os centros de equoterapia agora podem atuar somente com o alvará de funcionamento da vigilância sanitária, e em concordância com as normas sanitárias previstas em lei. Além disso, os locais devem contar com a infraestrutura adequada para os atendimentos, sendo responsáveis por qualquer urgência médica, em caso de necessidade.

Com isso, a equoterapia se tornou obrigatória a todos aqueles que possuem o encaminhamento médico, e por isso, planos de saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) devem oferecer o tratamento nesses casos. Isso fez com que muitas cidades pelo Brasil começassem a ofertar a terapia com cavalos através do SUS, atuando como parceiros desses locais.


Em todo o país, existem 405 centros especializados em equoterapia vinculados à Associação Nacional de Equoterapia - ANDE BRASIL, e que são regulamentados de acordo com as diretrizes da associação. Dentre os estados brasileiros, o de São Paulo é o que possui a maior quantidade de centros de equoterapia regulamentados, correspondendo a 121 centros. Minas Gerais fica em segundo lugar, com 49 centros.







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