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Chuva acima da média causa danos em bairro de Mariana

Atualizado: 16 de ago. de 2023

Em apenas 1h de precipitação, as ruas do Bairro Barro Preto ficaram alagadas, deixando moradores desalojados e provocando perdas materiais

Carolina Gabrich e Yan Lucas



Em 12 de fevereiro, uma tempestade atingiu Mariana e acendeu o alerta vermelho da Defesa Civil, causando problemas graves no Barro Preto, próximo à região central da cidade. A localidade é conhecida por apresentar recorrência de alagamentos durante o período de chuvas, entre os meses de outubro e março.


O alerta vermelho é o mais alto na escala de chuvas e indica que as tempestades podem causar desmoronamento em locais de risco, perda de lavouras e transbordamento de rios. Nestes casos, é aconselhável que os moradores acionem a Defesa Civil e busquem abrigo em locais seguros.


Travessa Monsenhor Rafael Coelho, no Bairro Barro Preto, em situação crítica, tomada pela água das chuvas | Foto • Jornal O Espeto.

#ParaTodosVerem: A imagem mostra três carros arrastados pela água marrom que inundou a Travessa Monsenhor Rafael Coelho, no Barro Preto. A água invadiu o quintal de uma casa e nota-se a altura que alcançou deixando os veículos submersos.


Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Mariana, o dia 12 de fevereiro registrou 63.9 milímetros de água em uma hora de chuva. Para melhor visualizar essa informação, é importante ter em mente que 1mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Além disso, uma chuva é considerada forte quando atinge uma intensidade entre 25,1 e 50mm/h, enquanto as chuvas que atingiram o Barro Preto ultrapassaram os limites dessa medida em 13.9mm, caracterizando uma tempestade.


Uma chuva desse porte entra no chamado alerta vermelho de chuvas, que abrange precipitações de intensidade de 60mm por hora ou 100mm por dia.


Ações realizadas


Os danos causados pela chuva foram tão intensos no Barro Preto que resultaram em alagamento das casas e das vias, perda de veículos e de objetos pessoais dos moradores, além da depredação das ruas do bairro. Cerca de oito famílias foram alojadas no Centro de Convenções da cidade, após terem as suas casas inundadas pela enchente ocorrida.


Devido à gravidade dos estragos a Defesa Civil mobilizou uma equipe de 100 pessoas para agir imediatamente no local, além de quatro caminhões pipa, quatro caminhões de caçamba, retroescavadeira e bobcat (minicarregadeira), informou o coordenador da Defesa Civil de Mariana, Welbert Stopa.


A ação teve início às 17 horas e foi finalizada às 22h30 do mesmo dia, contando com os serviços de purificação das vias, limpeza e desinfecção dos imóveis e faxina do canal do córrego que corta a Travessa Monsenhor Rafael Coelho. Os serviços foram realizados, respectivamente, pelos colaboradores do município, agentes de saúde e as secretarias de Obras e Meio Ambiente.


O coordenador da Defesa Civil também disse que ele não observou ajuda dos moradores no local, pois já havia colaboração dos funcionários da Prefeitura. No entanto, um morador da Travessa Monsenhor Rafael Coelho, Alexandre Santos, que teve sua casa atingida, informou que a vizinhança atuou, sim, no processo de limpeza das ruas. Os moradores também ajudaram limpando as casas dos vizinhos que tiveram seus imóveis atingidos. Segundo Alexandre, existem fotos que comprovam a atuação dos cidadãos no processo de desinfecção das vias.


Moradores atuando na limpeza das ruas e desinfecção das casas após a chuva de 12 de fevereiro, no Barro Preto | Foto • Jornal O Espeto.

#ParaTodosVerem; Várias pessoas ajudando na limpeza das ruas, é possível ver um carro cinza com o capô aberto que foi inundado pela água e vários objetos, provavelmente pertences de moradores, sendo levados pela água. Na imagem, são retratados vários moradores assustados, com dificuldade em se locomover devido ao excesso de lama na rua, além dos estragos causados pela enchente. No centro da imagem, está uma moradora branca, de blusa amarela, com cabelos longos e descalça carregando um balde laranja, provavelmente para retirar o excesso de lama das ruas.


Em relação à preparação da cidade para o período chuvoso, Stopa explicou que “todo ano é feito um planejamento para o período chuvoso: limpeza dos bueiros; desassoreamento dos córregos e rios; lonamento da encosta; preparação da equipe para resposta frente ao desastre. Porém, é impossível prever o comportamento da chuva”.


De acordo com estudos realizados pela Prefeitura, após as chuvas intensas que alagaram a Travessa Monsenhor Rafael Coelho, no Barro Preto, no início de 2021, foram analisados os pontos de risco e concluiu-se que, sempre que houvesse chuvas fortes, a Travessa seria alagada. Isso ocorre porque as casas foram construídas de maneira irregular às margens de um córrego e toda a água que vem do Bairro Morada do Sol deságua ali.


Para evitar a inundação da Travessa Monsenhor Rafael Coelho e de outras localidades de risco no Barro Preto, é necessária a realização de uma obra avaliada em mais de R$ 1,8 milhão, proposta ainda na gestão municipal anterior. O projeto demorou seis meses para ser elaborado, pois contou com a análise detalhada da bacia hidrográfica da região.


Segundo o ex-prefeito e atual vereador Juliano Duarte, para sanar o problema do alagamento, “é necessário fazer bacias de contenção e essas bacias vão liberando a água gradativamente. Nesse sentido, não vai ocorrer esse extravasamento e inundação das residências”. Porém, com o fim de seu mandato à frente da Prefeitura de Mariana, o projeto não foi implementado e as chuvas de 12 de fevereiro resultaram em mais um alagamento na região.


Buraco aberto causado pelas chuvas na Travessa Monsenhor Rafael Coelho, no Bairro Barro Preto | Foto • Carolina Gabrich

#ParaTodosVerem: Poste de eletricidade e lixeira cheia, dentro de um buraco; é possível ver alguns cones e faixas que isolam a área devastada pelas chuvas ao redor do poste, além de pedras e terra que isolam o local.


Indignação


O morador Alexandre Santos, apesar de ter tido sua casa atingida, não perdeu nenhum bem. No entanto, ele reforça que a maior parte dos seus vizinhos perderam bens materiais. Frente a essa situação, a prefeitura lançou uma proposta de indenização para os moradores. A assessora de comunicação, Marcella Pontes, comenta que “a indenização vai ser feita por graus, de acordo com o nível de perda que as famílias tiveram. Então todas as famílias passaram por um cadastro, onde foi passado todas as perdas que elas tiveram, e a partir disso vai ser feita a indenização”.


As indenizações prometidas pela Prefeitura não seguem o mesmo padrão entre os moradores. O morador Sirlei Cunha, por exemplo, não teve sua casa atingida pelas chuvas, mas, com o auxílio de um advogado particular, conseguiu receber a reparação financeira. Contudo, Alexandre e outros moradores que foram atingidos ainda não receberam nenhum valor.


Em relação aos riscos de morar na Travessa Monsenhor Rafael Coelho, Alexandre afirma que sabia deles, e que ele e outros moradores alertaram a Prefeitura. O morador também conta que não conseguiu sair de casa e ir para um local seguro, devido a intensidade das chuvas. Nenhum morador se feriu.


Atual estado da Travessa Monsenhor Rafael Coelho | Foto • Yan Lucas

#ParaTodosVerem: A imagem mostra a Travessa Monsenhor Rafael Coelho, no Barro Preto, passado mais de um mês, com a rua ainda apresentando vestígios da enchente: asfalto quebrado e buracos. Na imagem ainda é retratado um carro com marcas da sujeira do barro.


As obras da bacia hidrográfica do bairro não foram realizadas e os moradores se encontram, novamente, em situação de perda de seus bens, e, no caso de 8 dos atingidos, de suas casas. Alexandre completa dizendo: "Nós, como moradores, estamos muito indignados com isso, porque não é a primeira vez que acontece. É lógico que esse ano foi com mais elevação no índice de água que vem pra nossa rua aqui, mas o que aconteceu é isso”.


Alexandre ainda disse que, apesar de saber dos riscos, não sabia como se prevenir. “A única coisa que eu sei sobre como se prevenir é tirando o carro da garagem; quem tem casa de segundo andar, tirando os móveis do primeiro e colocando no segundo, o que fica dando um transtorno”.


O coordenador da Defesa Civil, Welbert Stopa, alerta os moradores para as estratégias de prevenção: “Nós orientamos que numa situação brusca de alagamentos, que os moradores desliguem sua luz elétrica, devem deixar seus imóveis e procurar um local seguro. E acione a Defesa Civil ou bombeiros”.



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