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Chuva, risco ambiental e medo em Ouro Preto

Atualizado: 9 de ago. de 2023

O grande número de áreas de risco na cidade e a falta de informação disponibilizada pela Defesa Civil causa medo na população

Morro da Forca em Ouro Preto após acontecer a destruição do casarão Solar Baeta Neves | Foto • Warley Josafá

Clara Costa e Warley Josafá


No início de 2022, Ouro Preto sofreu com grandes deslizamentos de encostas devido a um forte período chuvoso. A falta de informações sobre áreas de risco deixou os moradores em estado de alerta, pois algumas regiões ficaram em condições ainda mais precárias e isto não foi divulgado pelos órgãos competentes, levando medo à população. Em Ouro Preto, 313 áreas são consideradas de risco, segundo a Defesa Civil municipal, expondo mais de 6,5 mil pessoas aos desabamentos de terra, casas e estradas, durante o período de chuvas.


Além da dificuldade de acesso ao mapa das áreas de risco de Ouro Preto, no site da Defesa Civil, os moradores não têm informações atualizadas sobre riscos nos locais onde residem, o que causa uma constante incerteza do que pode vir a acontecer com suas casas e, consequentemente, com suas vidas. A falta de estrutura e planejamento para sanar os danos causados pelos desastres naturais é uma das maiores preocupações dos moradores, que se sentem desatendidos e desinformados sobre a atual situação de seus bairros e sofrem com o crescente medo quando a época de chuva se aproxima.


A falta de medidas protetivas da Prefeitura


Em janeiro deste ano, parte da encosta conhecida como Morro da Forca, no Bairro da Barra, em Ouro Preto, desabou sobre duas construções tombadas pelo patrimônio histórico, entre elas o casarão Baeta Neves. O Morro da Forca é um lugar condenado desde 1998, pois a quantidade de terra e a inclinação do local colocam em risco praticamente toda a região que o cerca. Apesar do alto risco de desabamento, o morro não passou por nenhuma contenção nos últimos anos. Desde o desabamento do casarão, meses se passaram, o período de chuva acabou e os desastres ambientais cessaram. Hoje, oito meses depois, a época das chuvas está de volta e, com ela, a preocupação dos moradores da cidade só cresce.



Deslizamento no morro da forca em Ouro Preto que provocou a destruição do casarão Solar Baeta Neves | Foto • Ane Souz - Estado de Minas


No mesmo período, uma das maiores concentrações de casas em áreas de risco na cidade se encontrava no Bairro Taquaral. Segundo moradores do local, quase nada foi feito durante esse tempo. “Vocês podem ver a rua ali na frente, parece que passou um furacão lá. A casa quase caiu, a rua tá toda quebrada e isso é desde janeiro. Como é que dorme em paz sabendo que isso tudo aqui tá caindo? Ainda mais agora com essa chuva forte de volta”, afirma Gustavo Pereira, dono de uma borracharia do bairro.


Casa que foi destruída pelas chuvas do início do ano de 2022 | Foto • Clara Costa

Essa angústia se espalha por diversas regiões da cidade, como relata o comerciante e morador do Bairro Água Limpa, Adriano Elias: “Essa nova época de chuva é um perigo. O ouro-pretano sofre demais com isso, porque a gente não sabe se vamos ficar ilhados igual no início do ano. A [rua] ‘volta do vento’ caiu e agora ela tá toda trincada de novo. Tenho certeza que se as chuvas forem muito fortes, muitos lugares vão cair nessa cidade”, alertou.


A desinformação da população

Apesar da existência e da disponibilidade do mapa das áreas de risco de Ouro Preto, no site da Defesa Civil, as informações estão desatualizadas. “As áreas que foram mais afetadas com as chuvas deste ano coincidem com as áreas que foram mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil, no ano de 2016”, afirma o engenheiro geológico da Defesa Civil de Ouro Preto, Charles Romazâmu Murta.


Segundo o aposentado e morador do bairro São Cristóvão, Antônio Helvécio, a área em que ele mora sempre esteve em risco, mas nenhuma ação da Prefeitura foi realizada desde fevereiro deste ano. “Sempre que começa a chover, tudo começa a desmoronar. A gente nunca sabe quando vai desabar um morro ou uma casa, mas a gente segue vivendo. Aqui na rua, a Prefeitura só tirou a terra que caiu e achou que estava bom”, afirma o morador.


Encosta no bairro São Cristóvão não está listada como área de risco no site da Defesa Civil | Foto • Clara Costa

Quando questionado sobre as ações do órgão público municipal para com a comunidade, o engenheiro da Defesa Civil de Ouro Preto, Charles Romazâmu Murta, respondeu: “Os acionamentos são feitos diariamente pelos moradores quando eles identificam um certo risco, e nós fazemos um monitoramento. Mas ressalto que nós temos um território de 12 distritos, 313 setores com riscos alto ou muito alto”, afirmou, referindo-se aos dados de 2016.


Redução de riscos

A Defesa Civil, em parceria com o Governo Federal (por meio do Ministério Regional), a Universidade Federal de Viçosa (instituição gestora do recurso), e a Universidade Federal de Ouro Preto (representada pelo Núcleo de Geotecnia - NUGEO), estão trabalhando na formulação do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), que deve ser apresentado no final deste ano ou no 1° semestre de 2023.


O principal objetivo do plano é que os ouro-pretanos possam estar cientes de todas as áreas de riscos que existem na cidade, uma vez que a última atualização dessas regiões ocorreu no ano de 2016. Com novos lugares entrando em estado de alerta, a medida preventiva será mostrar para a população onde a atenção deverá ser redobrada no período de chuva.


Em caso de emergência

Caso você identifique qualquer tipo de risco na sua região, entre em contato pelos seguintes números:


  • Corpo de Bombeiros: 193

  • Defesa Civil de Ouro Preto: 199 / 3559-3121;

  • SAMU: 192

  • Polícia Militar: 190

  • Guarda Municipal Emergências: 153

  • Secretaria Municipal de Defesa Social: 3552-4010


O mapa de risco também pode ser acessado pelo link: https://defesacivil.ouropreto.mg.gov.br





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