Dentre os inúmeros obstáculos com que se depara a produção jornalística no âmbito da universidade, destaca-se a dificuldade em estabelecer uma conexão com o público, tanto consumidor quanto personagem da informação. Cientes desse desafio, nos dispusemos a embarcar em uma jornada para fazer com que a 43ª edição do Jornal Lampião se aproximasse mais da realidade dos cidadãos de Mariana, Ouro Preto e Itabirito. Por meio da produção de reportagens centradas nos dilemas cotidianos destes três municípios, buscamos iluminar as vivências e desafios que perpassam a história das comunidades e moradores da Região dos Inconfidentes, para inspirar uma conexão entre a comunidade e a universidade.
A partir desta perspectiva, somada ao entendimento de que o acesso à informação é um direito de todos, nos inspiramos a ser mais ativos a fim de assegurar esse direito aos cidadãos, mas compreendendo que há indivíduos que necessitam de formas distintas para acessar a informação. Tendo isto em consideração, buscamos meios capazes de possibilitar maior acessibilidade ao consumo do conteúdo jornalístico. Para tanto, implementamos ferramentas e outros recursos que permitem às pessoas com deficiência acompanhar de maneira efetiva e independente as produções do Lampião.
Esta quadragésima terceira edição do Lampião se mostrava distinta das demais antes mesmo de termos as pautas do primeiro ciclo definidas. Pela primeira vez a equipe editorial foi composta unicamente por mulheres. Multifacetadas, com conhecimentos particulares e domínios excepcionais, elas compuseram uma editoria sensível que possibilitou pautas mais plurais e de ampla representação identitária. Esta peculiaridade foi, sem dúvidas, uma forte influência para fazer desta, uma edição focada na diversidade e na pluralidade, sobretudo no que se refere aos personagens que figuraram em cada uma das reportagens produzidas.
Em um segundo ato de unicidade, a edição 43 contou com a participação especial - e por vezes essencial - de um membro pouco comum no ambiente de uma redação: uma criança. O pequeno Caetano, filho da editora de Redes Sociais, foi presença fundamental para nos ajudar a contornar os momentos de estresse e exaustão da equipe do Lampião, nos mostrando que o trabalho de qualidade não implica a ausência de momentos de descontração.
Alguns repórteres que atuaram nesta edição já chegaram trazendo suas experiências do mercado profissional, mas o fazer jornalístico exige habilidades para contornar desafios inerentes ao processo de apuração e enfrentar contratempos que são colocados na rotina de uma redação, como o acesso à informação não disponibilizada publicamente por parte do poder público. Além da dificuldade enfrentada para acessar fontes e personagens de dentro do serviço público, isso fica mais evidenciado para nós, jornalistas em formação, muitas vezes descredibilizados por determinados órgãos devido ao fato de ainda estarmos em fase de aprendizagem.
Mas, apesar dos percalços, é necessário destacar que a 43ª edição do Lampião alcançou um sucesso notável no que diz respeito ao produto final de cada um dos três ciclos. Sejam sonoras, audiovisuais, fotográficas, textuais ou transmidiáticas, as reportagens produzidas pela equipe de repórteres demonstraram um trabalho jornalístico de alta qualidade. Cada reportagem demonstra a realização de um cuidadoso processo de apuração e produção, resultando em conteúdos que, além de informar, também instigam a reflexão por parte dos leitores. Já a diversidade de linguagens adotadas coloca em evidência a capacidade da equipe em se adaptar às preferências do público contemporâneo e de explorar os diferentes formatos de comunicação de acordo com a necessidade da pauta.
Devido à proximidade da data e sua relevância para a população, não era possível deixar de abordar uma das festividades mais emblemáticas e vibrantes da cultura brasileira: o Carnaval. Resultado de grande esforço coletivo e durante um período significativamente breve, o Lampião mergulhou nos diversos aspectos relacionados ao Carnaval marianense.
Ao trazer à tona as peculiaridades da comemoração na Primaz de Minas, os repórteres não se limitaram apenas a destacar a importância da festividade, mas também se dedicaram a trazer informações de relevância sobre os serviços essenciais, elementos de fé e religiosidade, manifestações únicas da região e histórias de vida ligadas à folia, além de diversos outros assuntos. Essa abordagem mais ampla permite que os leitores construam uma compreensão mais contextualizada sobre a forma como o Carnaval impacta a cidade, destacando tanto questões positivas quanto adversidades que são enfrentadas para garantir uma festa segura, inclusiva e culturalmente rica.
A 43ª edição do Lampião se encerra com a convicção de que o trabalho desenvolvido cumpriu um propósito de grande importância e que se tornou o slogan desta edição: iluminar histórias e inspirar conexões. O Lampião seguirá se dedicando incansavelmente ao objetivo de levar à Região dos Inconfidentes o jornalismo de qualidade, fiel aos valores de integridade, pluralidade e responsabilidade com a informação verídica e com o nosso leitor.
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