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Efeitos do ciclismo na vida de um atleta amador

Atualizado: 8 de ago. de 2023

O ciclismo não para de crescer em Mariana. É nesse sentido que três integrantes do esporte da região nos contam sobre suas relações com a bike

Iolanda posa para foto juntamente com outras quatro mulheres. Elas estão em cima do pódio. | Foto • Arquivo Pessoal

Ana Flávia Domingos e Lorena Correia


O ciclismo é a prática de usar a bicicleta, seja como esporte, hobby ou para locomoção. Isso acontece com frequência em Mariana-MG, ao ponto da cidade ser considerada a capital nacional do mountain bike. O esporte surgiu em meados do século XIX, especificamente entre os anos de 1840 e 1855, na França. No Brasil, há registros de que a bicicleta tenha chegado no final do século XIX e início do século XX, nos estados de Espírito Santo e São Paulo por volta de 1895.


Ciclismo em Mariana

Na região de Mariana, a comunidade de ciclistas amadores é bem vasta, com uma área propícia à realização de modalidades radicais do esporte, como o Mountain Bike. A Primaz de Minas Gerais também já conta com as Bike Stations, implantadas em fevereiro de 2022, em uma colaboração entre a Prefeitura Municipal de Mariana e a empresa Cedro Mineração. As Bike Stations são infraestrutura de postes carregados de energia solar, bancos para refeições, além de QR CODES com informações sobre a natureza local e totens informativos. Essas estações estão localizadas ao longo de todas as trilhas mapeadas da cidade.


Saiba mais sobre as bike stations aqui


A criação da Associação de Ciclismo de Mariana (ACM) foi oficializada em 2010, e de lá para cá, já conta com 130 atletas filiados. Segundo o presidente da associação, Anderson Ricardo Silva, desses atletas, dez já são profissionais e 30 buscam se profissionalizar, os demais 90 são atletas amadores que participam de competições. Mas o que são atletas amadores? São aqueles que praticam o esporte de maneira constante, independente da modalidade, mas que não fazem do esporte a sua profissão, ou seja, não possuem contrato de trabalho.


A associação, ainda segundo o presidente Anderson, para incentivar os atletas da cidade possui um ranking em que, de acordo com as participações em campeonatos e reuniões da associação, ganham alguns benefícios. Entre eles a inscrição gratuita em campeonatos e a possibilidade de concorrer à premiação dos melhores atletas do ano.


A vida em duas rodas


São diversas as razões que levam os ciclistas amadores a iniciarem na vida esportiva e se manterem motivados ao longo dos anos, seja por questões de saúde física e mental ou pela vontade de sair do sedentarismo. É depois do primeiro contato com o esporte que uma das mais importantes formas dessa motivação aparece: a paixão pelo ciclismo. Assim como tantos outros, essa foi também a rota de inserção de Anderson Aurélio Alves, Iolanda Luisa Pereira e Carlos Oliveira Pereira, atletas amadores de Mariana e Ouro Preto que estão inseridos na comunidade de ciclistas marianenses.


Anderson, atualmente com 43 anos, é morador de Mariana e trabalha na área da mineração em turnos que variam entre o dia e a noite. O atleta não começou a vida esportiva no ciclismo, já que quando pequeno, era o futebol que tomava seu tempo livre. Mesmo tendo contato com a bike desde os 5 anos, foi apenas aos 13 que disputou o primeiro campeonato, o Bike Duro.



Anderson posa ao final de competição. | Foto • Arquivo Pessoal

Anderson diz ser apaixonado pelo esporte, tendo relatado que, quando começou a vida como atleta amador, a região de Ouro Preto e Mariana ainda não recebia eventos de Mountain Bike.“Eu costumo dizer para os meus amigos que antigamente eu era um solitário ciclista, porque não tinha tanta gente pedalando em Mariana e Ouro Preto como tem hoje, né? Há cinco, seis anos atrás eram poucos”. Ele acredita que a proliferação de eventos de ciclismo na região estimulou outras pessoas a praticarem o esporte.


Esse é o caso de Iolanda, de 32 anos, que começou a trabalhar em uma loja de bicicletas por conta dos contatos que fez com a prática do esporte. Apesar das primeiras pedaladas terem sido dadas na infância, foi muito tempo depois, por convite de um amigo, que Iolanda voltou a pedalar e, como ela mesmo diz, nunca mais parou. Um ano após retomar sua relação com a bike, Iolanda começou a competir com uma rotina rígida de treinamentos e acompanhamento nutricional e físico.


Iolanda posa para foto no centro histórico de Ouro Preto. a foto possui fundo desfocado e Iolanda centralizada segurando um troféu. Iolanda é uma mulher. Seu cabelo é enrolado e está preso em um coque no alto da cabeça. Sua camiseta é da cor laranja e preta.
Iolanda posa para foto no centro histórico de Ouro Preto, ao fim do evento X-Terra. | Foto • Arquivo Pessoal

É fato que o ciclismo é um esporte de alto custo. As bicicletas e investimentos em treinamento podem tomar grande parte do orçamento desses atletas que precisam dividir a renda para subsidiar a si e ao esporte: “Na maioria das vezes quem paga a minha inscrição, que por vezes eu não tenho condições mas quero participar, e tá acompanhando todo dia o meu dia a dia, sabe o esforço que eu tenho, o foco para treinar, é a minha família. Se fosse para competir da forma que eu queria, sem a ajuda deles eu não conseguiria, porque é uma coisa que foge um pouco do meu orçamento.” explica Iolanda.


Assim como os atletas já mencionados, para Carlos, de 21 anos, analista de dados e graduando em engenharia elétrica, a prática do ciclismo amador chegou como forma de melhoria nas condições de vida. Para ele, o ciclismo chegou em meio a pandemia, o ajudando a combater o sedentarismo. Apesar de ter poucos anos de prática, ele já colheu vários frutos: “O ciclismo melhorou e muito minha qualidade de vida, não apenas no aspecto corporal, mas também no aspecto mental. Perdi cerca de 10Kg, tenho muito mais disposição e me ajuda muito com minha ansiedade”, explica Carlos.



Carlos posa para foto, ao lado de sua bicicleta com o fundo desfocado ele aparece centralizado com uma medalha no peito e fazendo o sinal de hang loose. A sua frente possui uma grade. Carlos é um homem, ele está usando capacete preto na cabeça, usa um óculos de grau na cor preta. Sua camiseta possui a cor preta e laranja. Ele também esta com luvas na mão de cor azul.
Carlos após participar da primeira etapa do evento XTERRA, Mariana 2022 -

Apesar de terem desenvolvido grande afeição pelo esporte, isso não é suficiente para Anderson e Iolanda, que gostam de ter acompanhamento nutricional e também a companhia de um treinador para ter um melhor rendimento durante as corridas. Além disso, ambos têm observado uma melhora na qualidade de vida, com uma melhor alimentação e disposição para praticar as atividades do cotidiano.





Especialistas


De acordo com a nutricionista Paula Trivellato, de 31 anos, pedalar traz muitos benefícios, sejam eles físicos ou mentais: “Ativar a musculatura e a circulação sanguínea contribui para a queima de gordura, controle de pressão arterial e glicose, produção e liberação de fatores anti-inflamatórios, maior eficiência pulmonar, equilíbrio hormonal e outras respostas benéficas. O ciclismo, em especial, proporciona menor impacto nas articulações, atendendo às pessoas com algumas restrições”, explica Paula.


A constância nos treinamentos e o acompanhamento de um profissional, apesar de não ser a realidade de todos os atletas amadores, é de grande importância. De acordo com o educador físico, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Pedro Henrique Carlos Gonçalves, 28 anos: “O esforço gerado durante uma competição pode exigir do corpo além do que ele está preparado para suportar. Entrar em uma competição sem o devido preparo aumenta significativamente as chances do atleta sofrer uma lesão durante o esforço”- comenta o profissional.


Apesar da vontade de competir e o amor pelo ciclismo, não é fácil conciliar as demandas da vida de atleta com a rotina de trabalho e casa. O reflexo disso está no dia a dia de pessoas que, como Iolanda, encaixam o esporte na madrugada e no início da manhã, antes de trabalhar e, até mesmo, precisam buscar a prática no horário de almoço. Além do trabalho e dos treinamentos, Iolanda ainda acha espaço para ajudar outros atletas, que não possuem tanto conhecimento sobre os campeonatos e pouca familiaridade com a internet, a fazer suas inscrições e organizar o transporte até os locais de competições.


É assim, driblando a falta de tempo e o alto custo do esporte que Anderson, Iolanda, Carlos e tantos outros atletas de Mariana e região dão vida às ruas das cidades, pedalando do início ao fim dos dias. E que, para além das competições que disputam, são cada dia mais tocados pelo poder do esporte de transformar suas vidas, por meio do bem estar físico e mental que proporciona. Apesar de todas as dificuldades que o esporte envolve, o amor e a paixão pela modalidade fazem valer a pena cada pedalada.






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