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Farmácias municipais de Ouro Preto registram falta de medicamentos

Atualizado: 9 de ago. de 2023

Propilracil, Metformina, Complexo B e Monocordil são alguns dos medicamentos que mais faltam, segundo os entrevistados


Pessoas na fila da farmácia municipal em frente a Policlínica de Ouro Preto no Bairro Veloso | Foto • Lívia Santesso

Camila Chaves e Lívia Santesso


A falta de medicamentos nas farmácias municipais causa angústia para os usuários desse serviço. De acordo com o último levantamento realizado em agosto, pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), cerca de 65,2% dos municípios brasileiros não têm remédios e insumos básicos para atender a população. Segundo a pesquisa, diversos estados brasileiros relatam a falta de medicamentos, que vão desde soro fisiológico e antibióticos até remédios utilizados por pessoas com doenças raras, como a cloroquina, utilizada no tratamento de lúpus.


A carência desses medicamentos não está apenas nas farmácias, mas também nos estoques de hospitais e serviços de emergência. Todo território nacional está passando, atualmente, pela falta de dipirona injetável, que é usado no combate de alguns sintomas como febre e dor de cabeça. Além desta, outros remédios essenciais, como amoxicilina, azitromicina, que são utilizados para tratamento de doenças de grande proporção, como problemas respiratórios e infecções urinárias, também estão em falta.


De acordo com o Ministério da Saúde, esse desabastecimento se dá por conta da falta de matéria-prima para a fabricação das substâncias e, também, pela falta de insumos para embalagens, já que o Brasil é dependente de insumos importados de países como China e Índia, que são os maiores produtores do mundo.


Em entrevista à Rádio Itatiaia, em maio deste ano, o secretário de Saúde de Ouro Preto, Leandro Moreira, explicou, na época, que a cidade estava passando por grande dificuldade para regularização dos estoques tanto de insumos quanto de medicamentos. O Lampião Digial apurou que pacientes da Policlínica, localizada no Bairro Veloso, em Ouro Preto, estão enfrentando problemas para encontrar os medicamentos que necessitam no local. A dona de casa, Gisele Rosita, de 47 anos, residente do bairro, afirma que é recorrente a falta de Propilracil, medicamento utilizado para tratar a tireóide. “Minha mãe tem (problemas com a) tireóide e eu sempre preciso ir até alguma outra farmácia para comprar com meu dinheiro esse remédio para ela, já que ela não pode ficar sem tomar”, contou.


O desabastecimento de medicações nas farmácias populares faz com que a população gaste uma grande quantidade de seu salário em compra de remédio nas farmácias convencionais, já que não há outra opção. De acordo com um estudo feito pelo Banco Mundial, divulgado em 2021 com dados da pesquisa de consumo brasileira (POF 2017/2018), 10 milhões de brasileiros caem na pobreza por ano, devido ao grande gasto com a saúde. Cerca de 13% do orçamento das famílias brasileiras são destinados a este fim, sendo que os medicamentos representam 48% dessa despesa.



Farmácia municipal de Ouro Preto no Bairro Veloso| Foto • Camila Chaves

Essa situação é enfrentada também pela lojista Marta Batista, de 54 anos, que mensalmente vai até a farmácia do posto de saúde do Bairro Veloso procurar os remédios utilizados pelos seus pais. “Já faz muito tempo que estou tendo que comprar porque não acho todos eles. O que mais fica em falta é o Metformina que minha mãe, que tem diabetes, precisa, e o Complexo B pro meu pai. Sem conseguir eu vou e compro nas farmácias comuns, em algumas consigo desconto, mas em outras não, e aí fica muito caro para mim, faz muita diferença”, conta Marta.


Para a professora Sidilene Maria Fernandes, de 49 anos, moradora do Bairro Antônio Dias, esse problema também é recorrente e está ficando insustentável. Ela precisa buscar remédio para o seu pai de 84 anos, que sofre de diabetes e pressão alta, no posto de saúde do seu bairro todo mês. “Eu pego os remédios na farmácia do postinho para o meu pai, ele precisa desses remédios todos os dias, mas não é sempre que consigo pegar, algumas vezes fico até dois meses sem conseguir” explica.


Entrega de remédios | Foto • Ana Souza

Segundo Sidilene, quando não encontra os remédios no posto de saúde, ela mesma tem que comprar, já que o pai não pode ficar sem tomá-los. “Se eu fosse pagar todos os medicamentos dele o valor ficaria em torno de R$ 700,00 por mês. Um gasto muito alto, já que o dinheiro que ele recebe é muito pouco e aí eu que tenho que acrescentar o valor”. De acordo com ela, os remédios que o pai usa e mais faltam são: vastarel, monocordil e selozok.


O aposentado de 65 anos, José Luiz Silva, que possui colesterol alto, também afirma não encontrar o remédio Sinvastatina, medicamento muito importante no tratamento da sua doença. “Todo mês venho aqui com a receita para buscar meus medicamentos e nunca consigo levar todos”.


O Lampião Digital entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ouro Preto com intuito de esclarecer a falta de medicamentos nas farmácias municipais. Na tentativa de contato, foram feitas perguntas relacionadas às medidas que a administração municipal estaria tomando para solucionar o problema, quais remédios estão em falta, como o órgão está realizando a distribuição desses medicamentos e que providências futuras pretende tomar para poupar a população que necessita de acesso às medicações. Até o momento da publicação desta reportagem, não houve retorno. E assim, a população continua sem respostas sobre a solução para a falta de medicamentos.





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