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Investimentos na música em Mariana destoam entre centro e periferia

Atualizado: 9 de ago. de 2023

As dificuldades e falta de incentivo que alguns grupos de músicos enfrentam para realizar suas apresentações na cidade

Cantor Daniel se apresentando no Festival de Inverno de 2022, na cidade de Mariana| Foto • Maria Fernanda Viana

Henrique Chiapini e Sérgio Aroeira


No Festival de Inverno, realizado no mês de julho de 2022, em comemoração aos 326 anos da cidade de Mariana, os cantores Daniel, Paula Fernandes e a banda Biquíni Cavadão foram atrações presentes. Além deles, alguns artistas locais foram convidados e realizaram suas apresentações. Porém, grande parte dos músicos locais possuem dificuldades para realizar seus shows e apresentações, sendo que na maioria das vezes sequer têm essa oportunidade.


Esse é o caso de Caio Kinté, cantor e compositor, residente em Mariana, que falou sobre algumas dificuldades que enfrentou em eventos realizados pela prefeitura. Segundo o rapper, em uma roda cultural (realizada na Praça da Sé) que ele e outros artistas do Hip-Hop estavam presentes, sequer havia uma estrutura básica para sua apresentação. Além das caixas de som disponíveis de má qualidade, com um som estourado e baixo volume, não havia uma mesa para o DJ apoiar seus equipamentos, tendo este que se apresentar de joelhos, com tudo sobre seu colo.

Na imagem, temos o cantor e compositor Caio Kinté durante uma apresentação no Festival “A Cena é Noix”, em parceria com a Casa de Cultura Negra |Foto • Ana Musova e Gabriel Cafuzo

Kinté acredita que existe um forte preconceito do poder público com os grupos periféricos de Mariana, falando por sua experiência no local onde reside. Estes grupos são esquecidos e invisibilizados, não dispondo das mesmas oportunidades e recursos que os localizados no “centro” e dos gêneros musicais mais “elitizados”.


Wasington Reis, vocalista da banda “Sabor do Samba”, também expôs suas experiências como músico em Mariana, nos contando alguns fatos que enfrentou juntamente à sua equipe. Além da falta de incentivo à música, de maneira geral, Wasington sente que ser artista na cidade é algo desafiador. “Fazer música em Mariana é uma coisa boa, algo gratificante e que eu amo fazer. Mas também é extremamente desafiador, principalmente quando você precisa pensar na logística do seu trabalho, na divulgação e nos espaços onde você vai desenvolver esse trabalho.” explica.


A imagem mostra uma colagem da banda “Sabor do Samba”| Foto • Acervo pessoal de Wasington Reis

Na opinião de Wasington, todo músico vai passar por dificuldades durante sua jornada, o que é comum da vida. No entanto, em Mariana ele sente que os grupos da cidade não dispõem das mesmas oportunidades. “Aqui em Mariana, nunca as pessoas têm os mesmos espaços. Muitas vezes muita gente é silenciada, é boicotada. Muitas das vezes as pessoas que são priorizadas são aquelas que já possuem uma relação com a Prefeitura, tem um pai ou um parente que vai intermediar esse caminho. Enquanto nós, que não temos essa ligação, precisamos fazer um cadastro, precisa de milhares de burocracias pra você tentar preencher esses espaços.”


A imagem mostra o cantor Wasington Reis durante uma apresentação de sua banda | Foto • Acervo pessoal de Wasington Reis

Já Pedro Chagas, em entrevista com a equipe de reportagem do Lampião Digital, disse que só tem a agradecer pela estrutura que a Prefeitura Municipal de Mariana lhe disponibilizou durante uma de suas apresentações. O cantor de música popular brasileira (MPB) marcou presença na Expo Mariana, realizada entre os dias 06 e 09 de outubro, e disse que foi uma experiência perfeita. “Foi um evento muito bacana que eu tive a oportunidade de participar. A gente está trabalhando com um contrato com a Prefeitura e em relação a esse abraço que estamos tendo, estamos tendo uma estrutura muito boa. Essa estrutura está muito bacana, principalmente em relação ao som e a equipe.”


Na imagem, o cantor e compositor Pedro Chagas, durante sua apresentação na Expo Mariana de 2022| Foto • Maria Fernanda Viana

A cidade de Mariana possui uma gama de artistas com talento e conteúdo para oferecer ao cenário musical. Todavia, o que se observa é uma desvalorização das pessoas locais para um saudosismo de nomes conhecidos no cenário nacional. Recentemente, após a flexibilização do isolamento social, o município de Mariana tem realizado eventos que estão contando com alta visibilidade nacional e internacional.


A sensação vivida pelos pequenos artistas é a de que existe uma grande desigualdade de oportunidades entre os próprios músicos marianenses. A redação do Lampião Digital entrou em contato com a administração municipal em busca de uma explicação para a diferença de tratamento dos artistas, entretanto até o momento de fechamento desta matéria não houve retorno.


Saiba mais sobre o assunto no vídeo produzido pelo Lampião Digital.





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