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Mina de ouro é descoberta após desmoronamento de casa em Ouro Preto

Atualizado: 16 de ago. de 2023

O acidente aconteceu devido a uma abertura repentina de cavidade na cozinha da casa localizada no Bairro Alto da Cruz, causada pela chuva


Sabrina Pereira e Bruna Amorim

#ParaTodosVerem: A imagem mostra uma grande cavidade formada após o desabamento da casa. Ao redor do buraco podem ser encontrados destroços da casa, como tijolos e telhas, além de peças de roupas espalhadas.


O desabamento do teto de uma mina de ouro, abandonada entre os séculos 18 e 19, fez com que parte de uma casa cedesse na Rua 13 de Maio, localizada no Bairro Alto da Cruz, em Ouro Preto. O fato ocorreu durante o último período chuvoso, em janeiro, e deixou uma família desabrigada. Ninguém ficou ferido, mas o fato evidenciou como os moradores da região vivem em situação de vulnerabilidade, habitando residências que possuem riscos ocultos para além dos locais de riscos mapeados na cidade.


Na terça-feira, 9 de janeiro, a Defesa Civil recebeu inúmeras denúncias de moradores do Bairro 13 de Maio informando sobre a abertura de uma cavidade próxima a uma casa, que levou parte da cozinha. Ao chegar ao local, foi descoberto que a cavidade tratava-se de uma mina de ouro, possivelmente construída no Século 18. O secretário de Defesa Social, Juscelino Gonçalves, destacou que o Bairro Alto da Cruz, onde a residência está localizada, foi muito explorado na abertura de minas, durante os séculos 17 e 18.


Com o crescimento populacional, foram construídas residências e soterradas as minas. “Vez ou outra, com a subida do lençol freático e também com a grande infiltração de água do período chuvoso, nós temos o colapso do teto dessas minas, fazendo com que apareçam essas cavidades", disse o secretário.


Gonçalves também ressaltou que a Defesa Civil Municipal tem trabalhado junto ao Departamento de Geologia (Degeo), da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), na produção de um mapeamento ao longo da região, onde já foram detectadas 174 cavidades. “É um trabalho que continua, é um trabalho de longo tempo e assim que forem detectadas todas as cavidades ao longo da encosta serão apresentadas as medidas de engenharia para contenção ou até mesmo convivência com os riscos geológicos analisados e apresentados por nós", afirma.


A equipe do Lampião foi até a casa que hoje encontra-se desocupada, e com diversas rachaduras nas paredes. Algumas roupas penduradas ao redor da mina sinalizam para a família que ali residia. O local era habitado por quatro moradores, a família precisou deixar a casa no terceiro dia após o acidente para morar em uma residência, no Bairro Padre Faria, localizado próximo ao Bairro Alto da Cruz. Apenas um morador se dispôs a falar sobre o assunto


Leonardo Queiroz, 20 anos, que morava na casa com sua mãe e mais dois irmãos, demonstrou muita insatisfação com as autoridades. Segundo ele, não puderam contar com nenhum apoio da Defesa Civil.


A casa está localizada na Rua Treze de Maio, no Bairro Alto da Cruz | Foto • Bruna Amorim

#ParaTodosVerem: No canto esquerdo está um medidor de luz na cor prata com uma placa com os números "455" em uma placa marrom. Do lado direito, está a casa afetada, com os tijolos a mostra e janelas e porta de madeira. O restante da paisagem é composta de plantas e árvores verdes.


Leonardo Queiroz, 20 anos, relata como se sentiu no momento em que o acidente aconteceu: “Fiquei assustado com tudo que estava acontecendo, sem saber o que fazer naquele momento e sem ter um lugar para ficar”.


Ao ser perguntado se houve apoio por parte da Prefeitura Municipal, Leonardo respondeu que ele e sua família não receberam nenhum tipo de ajuda. "Até o momento não tivemos ajuda nenhuma da Prefeitura. Nós tivemos que procurar um lugar para ficar no dia seguinte, nós conversamos com o proprietário e alugamos a casa, ninguém nos encaminhou para nenhuma casa”, conclui.


Mina de Ouro do século XVIII | Foto • Bruna Amorim

#ParaTodosVerem: A imagem mostra a cavidade da mina de ouro após o desabamento. Alguns destroços estão espalhados nos cantos da imagem.


O Secretário de Desenvolvimento Social, Edvaldo Rocha, por sua vez, alegou à equipe do Lampião que a família tem recebido suporte do programa de Auxílio Aluguel Social da Prefeitura, por meio do CRAS Padre Faria. O benefício possui quatro meses de duração e pode ser prorrogado. Ainda no CRAS, foram orientados a procurar a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, porém, segundo a assistente social da Pasta, até o dia de publicação da reportagem, a família não procurou a Secretaria.



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