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Entre artes e rachaduras, Amap luta por união e fortalecimento

Problemas estruturais, independência financeira e visibilidade marcam os 15 anos da Associação Marianense dos Artistas Plásticos


Hynara Versiani, João B. N. Gonçalves, Johan Pena e Pedro Henrique de Souza

A fotografia mostra a Rua Direita, em Mariana. No canto direito da foto, há a placa que indica a entrada da sede da Amap com os dizeres “Atelier & Casa dos Art”; o sufixo “istas” não aparece na imagem, abaixo o nome “Mestre Ataíde” e o logo da Amap”. Bandeirinhas de festa junina aparecem na parte superior da fotografia. Além de um pedaço de um vestido azul e tênis branco embaixo da placa.

Placa que indica a entrada da sede da Associação Marianense dos Artistas Plásticos (Amap) | Foto: Pedro Henrique de Souza


Em 2023, a Associação Marianense de Artistas Plásticos (Amap) completa 15 anos de existência, contando com músicos, pintores, escultores e artesãos da cidade. Fundada em 19 de novembro de 2008 a partir da vontade dos mestres de arte locais, a associação é um espaço de criações diversificadas e de partilha de conhecimento. Sete artistas inicialmente semearam esse desejo, e pouco a pouco, foram atraindo participantes até chegar aos 56 associados de hoje.


Nos primeiros seis anos de existência, a Amap realizava suas atividades nas ruas e em espaços emprestados, como a Câmara Municipal e o Centro de Atenção ao Turista (CAT). Os mestres possuíam oficinas separadas, dificultando a localização por parte dos turistas e moradores. Em 2014, a associação obteve sua sede fixa, no Atelier e Casa dos Artistas Mestre Ataíde. Com a criação da Amap, houve a convergência dos artistas locais para um espaço comum, facilitando o contato e a visibilidade dos seus trabalhos.


O professor de pintura e ex-presidente da instituição, Geraldino Silva, conta que o processo para a conquista da sede foi longo e realizado a partir de encontros com os gestores que assumiram a Prefeitura entre 2008 e 2014. “Fomos procurar os prefeitos (Roberto Rodrigues e Terezinha Ramos), e chegamos ao ponto de pedirmos uma casa. Fizemos reuniões e juntamos os artistas, até obtermos a casa durante o governo Celso Cota”, diz.


A sede da Amap está em um casarão na Rua Direita, bem próxima à Igreja da Sé, região central de Mariana. O aluguel da casa é de responsabilidade da Prefeitura Municipal, que realiza o pagamento mensal por meio da Secretaria de Cultura e Turismo. Geraldino Silva relata que a locação da casa representa cerca de 50% dos gastos da instituição. “O valor dele (o aluguel) está em torno de R$ 7 mil. É uma casa muito grande, com terreno, quintal, vários cômodos. Então, não é barato”.


O espaço onde a arte acontece | Foto 1: João B. N. Gonçalves; Foto 2: Arquivo Amap - Matheus Toledo


Ao longo desses 15 anos, a Amap realizou diversas atividades contratadas pela Prefeitura, como a confecção dos tapetes devocionais na Semana Santa, a decoração do Natal de Luz e dos carnavais. “Para os tapetes, recebemos por volta de R$ 18 mil, fazendo dois eventos de tapetes por ano. No Carnaval, R$ 52 mil”, informa Geraldino. Dos valores obtidos a partir desses eventos, 20% é destinado para a manutenção física da sede, enquanto o restante vai para a remuneração dos artistas.


Por falta de manutenção, as rachaduras se espalham pelo imóvel | Foto: Pedro Henrique de Souza


O ex-presidente Geraldino Silva explica que a entidade atua na intermediação entre os interesses e demandas dos artistas de Mariana e o poder público, sendo responsável por repassar os recursos obtidos. “Antes, os recursos eram destinados para poucos, havia um monopólio. Com a Amap, há uma associação responsável por distribuir esse valor”.


Como explica o gestor financeiro da entidade, Gabriel Lopes, antes da criação da Amap, muitos artistas do município não estavam preparados e articulados para buscar investimentos. Aqueles que se organizavam tinham mais facilidades para conseguir recursos para executar os seus projetos.


O desenho e coordenação dos tapetes da Semana Santa é feito pelos artistas da Amap. E a confecção é realizada por eles, com a participação da comunidade local | Fotos: Hynara Versiani


Além de realizar eventos culturais do município, a associação proporciona um espaço de encontro e divulgação da arte marianense, promovendo oficinas e projetos sociais voltados para alunos de escolas da região. A Amap chegou a ter mais de 100 alunos em um mesmo período, porém, esse número diminuiu com a pandemia. Hoje, a associação se empenha para retomar o patamar anterior, e conta com aproximadamente 40 alunos.


Artistas da Amap durante o Atelier na Praça, em 2014 | Foto: Arquivo Amap


O Atelier e Casa dos Artistas Mestre Ataíde também funciona como uma galeria, onde os trabalhos dos artistas associados são expostos e comercializados. Atualmente, são mais de 200 obras à mostra, que variam de R$ 50 a mais de R$ 3 mil. Em cada venda, o autor tem direito a 90% do valor, enquanto o restante é destinado ao caixa da Amap.


Artistas, quadros, esculturas… Diferentes vertentes da arte marianense podem ser encontradas na Amap | Fotos: João B. N. Gonçalves


Denise Silva, 52 anos, foi aluna de pintura na Amap há 15 anos e retornou à casa no último mês de maio. Ela valoriza a importância da arte desde cedo, para as crianças, e reconhece a mudança e o aperfeiçoamento de sua relação com a arte ao longo dos anos, graças às ações desenvolvidas pela Amap, especialmente durante esse novo período em que participa das aulas novamente.


Legenda geral: Denise Silva durante as aulas de pintura de Geraldino Silva | Fotos: João B. N. Gonçalves


O atual presidente da instituição, Geraldo Zuzu, ressalta que ao conduzir essas atividades, a Amap valoriza a arte local, tornando-se uma ferramenta importante para o turismo e o desenvolvimento econômico da cidade. Essas ações voltadas para a cultura marianense levaram a Amap a obter reconhecimento como entidade de utilidade pública pelo Estado em 2021.

Trechos extraídos da Lei Estadual nº 23.810 de 2021


Esse reconhecimento abre muitas portas. Por exemplo, a entidade tem seus interesses atendidos junto ao poder público, por conceder a isenção do pagamento de alvarás e maior possibilidade para concorrer em editais públicos para o financiamento de projetos culturais.


Artista plástico e ex-presidente da Amap, Geralino Silva, é professor de pintura na instituição há 15 anos | Foto: João B. N. Gonçalves


Como professor de pintura, Geraldino percebe a influência da Amap em seus alunos, que encontram na arte uma profissão. “A casa já projetou vários artistas que trabalham com diferentes segmentos da arte, como escolas de pintura, por exemplo. Então, esses artistas devem muito à casa, porque eles começaram aqui”, afirma.


Outro artista atualmente vivendo pela arte e se mantendo graças às exposições na Amap é Wander Aparecido, escultor de materiais recicláveis. Ele conta que sempre quis trabalhar por conta própria, e estar na associação lhe permitiu gostar daquilo que faz e adquirir renda. “Trabalho com a minha arte há 12 anos. Isso surgiu na minha mente para poder trabalhar sem bater ponto, trabalhar para mim”, relata.


Há um ano na Amap, Wander sempre sonhou em ter um trabalho em que não precisasse seguir horários rígidos, e a arte se mostrou a oportunidade perfeita para isso. De acordo com o escultor, o envolvimento com a arte e a proximidade com a associação foram fundamentais para fazer aquilo que gosta.


Geraldo Zuzu também foi o primeiro presidente da Amap, em 2008. Ele conta que pouco a pouco, a associação conquistou o seu espaço por meio de suas atividades, atraindo mais olhares da população. Hoje, a visitação de turistas e moradores é em média de 40 visitantes por mês. Porém, segundo o presidente, muitos ainda não conhecem as atividades desenvolvidas pela Amap e por seus artistas, ou ao menos a sua localização.


Geraldo Zuzu, Geraldino Silva e Deivison Silvestre, membros da Associação Marianense dos Artistas

Plásticos (Amap), respectivamente | Foto: Arquivo Amap / João B. N. Gonçalves / Pedro Henrique de Souza


Desafios


Segundo Geraldino, as principais dificuldades estão atualmente relacionadas à necessidade de reformas estruturais na casa. A Amap reconhece a importância de revitalizar a estrutura, como por exemplo, rachaduras, que podem ser vistas pela casa. Além disso, vidraças, pisos e outros elementos são aspectos que precisam ser reformados, para garantir um espaço adequado para os artistas e visitantes.


O secretário de Cultura e Turismo, Cristiano Vilas Boas, informa estar a par dos problemas estruturais no Atelier e Casa dos Artistas Mestre Ataíde. “Quando assumi a secretaria, em maio, uma das primeiras demandas que eles solicitaram é a reforma desse espaço. Já estamos providenciando um laudo para a reforma”, afirma.


Rachaduras, trincas e paredes descascadas são alguns dos problemas estruturais da Amap |

Foto 1: João B. N. Gonçalves; Fotos 2 e 3: Pedro Henrique de Souza


Fora a necessidade de uma reforma em sua sede, a Amap lida com a falta de uma política pública voltada para a arte em Mariana. O gestor Gabriel Lopes pondera: “Nós não temos uma política para nos amparar a longa data. Tudo depende da nossa mobilização, da interação com o governo do município, que nos oferta o aluguel e a participação em eventos para captar recursos e manter a instituição”.


O secretário de Cultura e Turismo, Cristiano Vilas Boas, reitera que a Prefeitura destina recursos para a compra de insumos e manutenção da instituição. Por outro lado, ele salienta a natureza privada da Amap, ou seja, sua autonomia para se organizar e buscar recursos fora do poder público municipal. “A associação pode se organizar para buscar recursos através de editais do Governo Federal e do Governo de Minas. É preciso que eles tenham alguém que possa ajudá-los nisso”, afirma.


Cristiano Vilas Boas, Secretário de Cultura e Turismo de Mariana durante a audiência da

lei Paulo Gustavo em julho de 2023 | Foto: João B. N. Gonçalves


A pandemia de Covid-19 foi um momento considerado desafiador para os membros da Amap. Gabriel Lopes explica que durante esse período, a insegurança dos artistas ficou evidente: “O artista ainda é muito frágil em relação a essa parte de capital, de conseguir recursos. Isso ficou muito evidente durante a pandemia e agora estamos tentando retomar o ritmo, desenvolver mais atividades e manter a associação”.


Nas relações internas da associação, os artistas também enfrentam desafios. O coordenador de eventos da Amap, Deivison Silvestre, relata que algumas das dificuldades permeiam o ego do próprio artista. “Os conflitos entre os artistas, ideias, estilos e produções são considerados uma espécie de notícia histórica na comunidade artística. Embora haja discrepâncias de ideias, o objetivo central de se tornar uma referência cultural no município e fazer história não foi perdido”, declara.


A artista plástica, artesã e cantora, Mo Maiê, aponta que a Amap precisa enfrentar desafios relacionados à diversidade de interesses entre seus associados. Na sua visão, para resolver essas questões, a associação deve estabelecer uma proposta unificada para as suas ações.

A artista destaca que a organização passa por uma transição entre as diretorias de Geraldino Silva e Geraldo Zuzu, criando uma atmosfera de incertezas. Segundo ela, essa situação reflete a dificuldade em reunir os membros em torno de um objetivo comum, especialmente quando se trata de questões administrativas, como o repasse equitativo dos benefícios financeiros entre os associados.


Para Mo Maiê, o dinheiro não pode suprir os valores da arte, e quando ele está envolvido, os objetivos se “quebram”, portanto, os recursos vindos para a associação precisam ser bem administrados. Ela ressalta que quando há falta de dinheiro, os artistas se empenham mais.


Podemos mais


A Associação Marianense de Artistas Plásticos (Amap) é uma vitrine para a divulgação da arte local, mas também é palco para ações sociais, como as aulas de pintura gratuitas para seis crianças entre os alunos da instituição (40) e visitas às escolas públicas da região para oficinas educativas.


Geraldino Silva conta que a associação já realizou ações como a arrecadação de brinquedos no Natal e o projeto “Cores para Mariana”, realizado em 2016 e destinado às crianças de Bento Rodrigues após o rompimento da Barragem de Fundão. No entanto, reconhece o espaço ainda existente para a ampliação dessas atividades.


Pinturas e desenhos são feitos na associação por artistas de diversas idades |

Foto 1: Pedro Henrique de Souza; Fotos 2, 3 e 4: João B. N. Gonçalves


Pensando no futuro da Amap, o atual presidente da instituição, Geraldo Zuzu, diz planejar uma gestão compartilhada e uma visão de cadeia produtiva que contemple setores direta ou indiretamente ligados à cultura e ao turismo em Mariana. O objetivo é transformar a entidade em uma verdadeira galeria de arte, com artistas atuando em suas salas, proporcionando aos visitantes e moradores uma experiência completa do processo criativo.


Para o aniversário de 15 anos, os membros planejam reformar e reinaugurar a Casa dos Artistas e Mestre Ataíde. “Os 15 anos da Amap precisam ser mais que comemorados. Queremos reformar para depois fazer uma reinauguração, para assim, a casa retomar sua visibilidade perante a sociedade marianense”, conta Geraldino Silva.


Segundo Geraldo Zuzu, uma Amap melhor organizada e mais comunicativa com a comunidade pode atrair recursos financeiros e parcerias. Em consonância com as ideias do presidente da Amap, Cristiano Vilas Boas afirma que a pasta tem em vista um plano de trabalho, no qual planeja expandir o turismo. “Nossa ideia é desenvolver a cultura e o turismo, estamos buscando essa integração a partir de um Plano Municipal de Cultura a ser desenvolvido para os próximos dez anos”, afirma.


Uma das formas de trazer investimentos para a associação é também a partir do ICMS Patrimônio Cultural, um programa de incentivo ao patrimônio do Estado. De acordo com a Prefeitura de Mariana, o município ocupa o primeiro lugar pela 16ª vez em recursos recebidos pelo imposto. Porém, esse número se deve, em sua maioria, às Igrejas e prédios históricos, que recebem a maior parte desses tributos.


O presidente ressalta que tornar o Atelier e Casa dos Artistas Mestre Ataíde um ponto mais atrativo pode aumentar a possibilidade de a Amap adquirir mais fundos, como a arrecadação pelo ICMS Cultural. Para alcançar este objetivo, ele alerta: é importante incentivar a produção artística local e tornar a cidade mais visível no cenário nacional. “A ressignificação do patrimônio e o compartilhamento das atividades culturais são pontos essenciais para valorizar ainda mais a arte local e a cidade de Mariana como um todo”, diz.


Mo Maiê, Deivison Silvestre e Wander Aparecido. Os diferentes modos de fazer arte da Amap | Fotos: João B. N. Gonçalves


Arte e ancestralidade - Mo Maiê

Mo Maiê é uma multiartista nativa de Mariana, conhecida por sua versatilidade e atuação em diversas áreas. Ela cresceu em um ambiente cultural e expressivo, onde começou a compor músicas e a criar pinturas desde muito jovem. Ela também se dedica às artes plásticas, à escrita e à pesquisa autônoma.


Mo Maiê usa um turbante com diversas cores. Ela olha para o lado direito da imagem, para o que a artista olha não aparece na imagem. Ela usa um cordão vermelho e amarelo e usa brinco. No fundo aparecem pessoas desfocadas

Mo Maiê participa de diversas atividades da Amap e viajou o mundo em busca de enriquecimento cultural |

Fotos: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani


A artista pesquisa as expressões culturais de povos de diferentes territórios da África, povos nômades e a cultura popular brasileira de matriz afro-indígena. Sua busca por raízes ancestrais a levou a viajar pelo mundo, morando em Barcelona, Espanha e vivenciando experiências no Marrocos e em outros lugares.


Para Mo Maiê: “A arte é uma missão ligada à educação e à luta pelas questões relacionadas à ecologia e à permacultura”. Ela vê a arte como uma forma de transmitir mensagens, refletir sobre questões sociais e inspirar a mudança. Sua abordagem artística é experimental e envolve música, performance e artes visuais, buscando explorar suas conexões ancestrais e a relação entre a natureza e a humanidade.


A relação de Mo Maiê com a Amap é significativa. Ela enxerga a instituição como um refúgio, um lugar onde se sente acolhida e conectada com outros artistas. “A Amap é uma encruzilhada de trocas e experiências, proporcionando um ambiente propício para a criação artística e o compartilhamento de conhecimento”, diz. A cantora destaca a importância de fortalecer a união entre os artistas e de buscar a abundância financeira como uma forma de valorizar o trabalho artístico.


Ela percebe que a associação ainda passa por desafios administrativos e precisa encontrar uma maior unidade e coesão em relação aos interesses e aos objetivos comuns dos associados. A falta de recursos financeiros muitas vezes dificulta o desenvolvimento pleno da arte e a valorização dos artistas locais. No entanto, ela destaca a importância de se unir como classe artística para superar esses obstáculos e trazer a abundância para suas vidas.


Mo Maiê destaca que a Amap é um lugar de acolhimento, de formação de artistas e de resgate da história e identidade de Mariana. Para ela, a associação possui um potencial para ser um centro de referência artística, capaz de fortalecer a comunidade e abrir caminhos para as futuras gerações.

Arte e ancestralidade: Cantora e pintora Mo Maiê fala sobre a arte e como a Amap participa da sua vida


Arte e resistência - Deivison Silvestre

Único artista negro convidado para expor na Florence Biennale dell'Arte Contemporanea 2021, na Italia, Deivison Silvestre, 33 anos, é artista visual, graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e professor da rede pública de Mariana. Sua trajetória artística na Região dos Inconfidentes começou quando ainda era jovem, com apenas 17 anos, ao ser convidado por artistas experientes da cidade para participar de conversas sobre editais culturais e exposições no município.

O artista Deivison Silvestre é retratado em cinco fotos distintas. Ele sorri enquanto veste uma camiseta preta e está cercado por suas obras. Em uma imagem, ele fica na sacada da Amap, sorrindo para baixo enquanto bandeirinhas de festa junina pendem sobre a rua. Duas fotos o mostram de costas, observando seus quadros; em um deles, um desenho retrata uma pessoa com cabeça dentro de uma gaiola e uma arma, enquanto no outro, há uma cabeça com flores, língua presa por uma ratoeira e uma maçã. Na última foto, Deivison concentra-se na observação de um de seus quadros, enquanto um quadro desfocado é visto ao fundo.

Deivison Silvestre vê na arte uma maneira de se expressar | Fotos: Pedro Henrique de Souza e João B. N. Gonçalves

A carreira artística de Deivison ganhou força e projeção em 2011, quando recebeu um prêmio no quarto salão de arte regional em Itabirito, Belo Horizonte, Ouro Preto e Mariana. A partir desse momento, seu trabalho passou a ter maior visibilidade, conquistando parcerias com galerias e exposições em Minas Gerais, Rio de Janeiro, até mesmo na Espanha e na Itália.

Atualmente, além de pintor, Deivison ocupa o cargo de coordenador de eventos da Amap. A relação do artista com a associação é enraizada em uma rede afetiva, se estendendo a outros mestres e amigos conquistados ao longo de sua vida dedicada à arte. “Vejo a Amap como um símbolo de possibilidades de resistência cultural, ajudando artistas em início de carreira a acessarem recursos e oportunidades que sozinhos seriam difíceis de alcançar”, afirma o artista.

Deivison enfatiza que a Amap tem como objetivo central ser uma referência cultural em Mariana, e enfrenta desafios considerados naturais por ele, como conflitos entre artistas em relação a ideias, estilos e produções. No entanto, a busca por espaço e a parceria com a Secretaria de Cultura são estratégias utilizadas pela associação para superar esses obstáculos e alcançar suas conquistas.

O artista conta que continua sua caminhada na associação pelas relações construídas e pelas oportunidades abertas pela Amap. “Criei bons vínculos aqui e encontro um ponto de encontro referencial no meio das rotinas diárias. A Amap proporciona um ambiente de responsabilidade e permite a troca frequente com outros artistas”, declara.

Arte e resistência: “Nossas conquistas são alcançadas através da busca por espaço”.

Deivison Silvestre procurou levar a cultura marianense para além dos limites da cidade.


Arte e renovação - Wander Aparecido

Wander Aparecido, de 42 anos, constrói esculturas a partir de materiais recicláveis há mais de uma década. No mês de janeiro de 2023, ele teve a oportunidade de realizar uma exposição intitulada Nada se perde, tudo se cria na Amap. Nessa mostra, Wander exibiu suas obras, que são reconstruídas a partir de elementos cedidos pela natureza e descartados pelo ser humano.


Wander Aparecido é retratado em uma série de fotos realizando diferentes atividades. Ele sorri enquanto está sentado vestindo uma blusa florida de tons variados. Uma de suas mãos utiliza uma ferramenta para perfurar um recipiente de vidro, enquanto Wander trabalha meticulosamente nele em outra foto, cercado por várias ferramentas. No canto inferior esquerdo, Wander posa com orgulho ao lado de sua escultura de vidro que apresenta uma torneira e um desenho de um fusca. No canto oposto, Wander contempla a paisagem da sacada da Amap, decorada com bandeirinhas coloridas.

Wander Aparecido usa materiais recicláveis em suas obras | Fotos: João B. N. Gonçalves


Quanto à sua arte, o escultor busca constantemente criar algo novo: “Não quero repetir o que já fiz no passado; quero continuar produzindo meu trabalho. Não faço isso pelo dinheiro, mas sim porque gosto de imaginar e materializar algo nunca visto antes”. Ele destaca a importância da associação em sua vida, afirmando: “Para mim, é uma satisfação fazer parte da Amap, pois isso leva mais pessoas a conhecerem meu trabalho e me proporciona oportunidades constantes de aprendizado. Agora, eles conhecem meu trabalho e trabalhamos juntos.”

Wander diz ver a associação como um espaço de crescimento e união, valorizando a interação com os fundadores e outros artistas profissionais. Porém, ele acredita que a associação poderia ter um papel mais proeminente, beneficiando não apenas os artistas, mas também as crianças interessadas em aprender. Ele aprecia os momentos de trabalho coletivo, como nos carnavais e na Semana Santa, pois essas atividades despertam interesse e proporcionam conhecimento e diversão.

Como artista da Amap, Wander Aparecido reconhece as questões a serem enfrentadas por cada instituição. Apesar disso, ele destaca que a associação levou suas obras a conquistarem o interesse do público e incentivou a participação das pessoas em suas criações. Ele vê a arte como uma forma de expressão única e encoraja outras pessoas a seguirem o mesmo caminho.

Arte e renovação: Aproveitando materiais recicláveis, Wander Aparecido usa madeira e vidro para fazer

obras de arte que podem ser usadas no dia a dia.

























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