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História em quadrinhos em Mariana


Por que essa mídia é muitas vezes desvalorizada quando o assunto é aprendizado e entretenimento na cidade?


Por Rebeca Oliveira, Sarah Couto e Vitória Lopes


 HQ’s de super-heróis são produzidas desde o início do século XX e populares desde 1930 | Foto: Rebeca Oliveira

#Pratodosverem: A imagem mostra vários gibis de quadrinhos de super-heróis numa estante branca. Os quadrinhos ao fundo estão desfocados, enquanto o foco está nos quadrinhos mais próximos. É destacado à frente o título de um dos gibis do “Homem-Aranha”.


Os quadrinhos, muitas vezes lidos como conteúdo infantojuvenil, são uma forma rica de expressão artística que ultrapassa barreiras etárias e abrange uma enorme variedade de temas. De super-heróis e Turma da Mônica, até políticas e guerras, os quadrinhos mais famosos trazem consigo uma legião de leitores, mas há aqueles que exploram narrativas além, como terror, ficção científica, romance, policial/crime, eventos históricos, e até mesmo universos futuristas.


Apesar de sua diversidade e apelo universal, as histórias em quadrinhos muitas vezes são desvalorizadas, especialmente em cidades interioranas como Mariana. O estigma de serem somente destinados a crianças e adolescentes contribui para essa marginalização, mas outras problemáticas surgem, como os altos custos de produção, a dificuldade de acesso a canais de distribuição, a pouca exposição à educação por meio dos quadrinhos e as falhas no apoio institucional, que agravam o quadro. 


O mercado de quadrinhos


Quadrinhos O Mundo Sem Fim de Christophe Blain e Jean-Marc Jancovici | Foto: Pedro Ferreira

#Pratodosverem: A imagem mostra duas mãos de pele branca segurando o livro “O Mundo Sem Fim”. A capa é amarela com uma ilustração de metrópole composta por diversos prédios e uma grande avenida. No canto superior direito da capa há um círculo branco com o título em letras maiúsculas vermelhas.


Popularmente chamadas “HQs”, as histórias em quadrinhos têm ganhado cada vez mais espaço e atenção no mundo. Em 2022, o livro mais vendido na França, entre todos os outros livros de diversos gêneros, foi uma história em quadrinhos. “O Mundo sem fim” vendeu mais de meio milhão de cópias, mesmo sendo um livro com 198 páginas e tendo um preço alto até para os próprios franceses (28 euros, aproximadamente, 148 reais).


No mesmo ano, o Relatório da Quadrinhopédia, com apoio da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (Aspas) e Guia dos Quadrinhos, revelou um crescimento de 6,19% de vendas de quadrinhos no Brasil em relação ao ano anterior. Esses números evidenciam como o mercado de quadrinhos vem aumentando e mobilizando leitores, afinal, são infinitas as possibilidades de narrar e ilustrar as histórias.


O roteirista, ilustrador e quadrinista brasileiro, Cristiano Seixas, enxerga que, de maneira geral, houve uma mudança positiva no cenário dos quadrinhos mundial.  


Imagem em formato de quadrinho com fala de Cristiano Seixas | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem: A imagem tem Cristiano Seixas em estilo de quadrinhos preto e branco, com um balão  à esquerda, com a seguinte frase: “Hoje em dia, mesmo que tenha que fazer algum trabalho complementar, o artista consegue fazer o seu quadrinho da maneira que quer, com muita diversidade e pluralidade, o financiamento coletivo mudou todo o panorama.”


O financiamento coletivo corresponde às ferramentas de incentivo e ajuda financeira para artistas e produtores independentes, uma “vaquinha online”. O intuito é também aproximar o público do artista, podendo ter conteúdos exclusivos e pré-venda. Dessa forma, a campanha pode ser melhor divulgada nas redes sociais e assim surge uma alternativa viável para eles se estabelecerem como artistas.


No entanto, mesmo que existam iniciativas do gênero, ainda é difícil para um artista viver exclusivamente do quadrinho autoral no Brasil. Cristiano sugere que as editoras financiem o processo de produção: “Mas para isso acontecer, para que tenha essa independência, tem de ter a tranquilidade de que esse material vai vender, e o mais importante, tem que haver mais leitores de quadrinhos no Brasil.”


O acesso às histórias em quadrinhos no Brasil  


O acesso varia muito de acordo com as condições de cada região, a cultura, tecnologia disponível e incentivos sociais que recebe. Na maior parte das vezes, o acesso às histórias em quadrinhos pode acontecer através de bancas, livrarias, bibliotecas públicas, escolas, eventos, convenções e por meio digitais.

 

Em capitais e grandes centros urbanos, os quadrinhos normalmente possuem maior espaço de divulgação; o principal problema de acesso esbarra em uma peculiaridade do Brasil: o nicho já restrito do mundo dos quadrinhos encontra desafios adicionais em um país onde a leitura é, de modo geral, menos presente. Mesmo que existam espaços de distribuição e venda de quadrinhos, há pouco incentivo para que desperte a curiosidade e atenção dos leitores. Ações educacionais e culturais têm o poder de reverter esse quadro e destacar a importância dos quadrinhos.


Já em cidades menores, como Mariana, o alcance deste cenário é menor ou quase inexistente. Mesmo quando estão próximas aos grandes centros, a distribuição destes conteúdos poucas vezes ultrapassa seus núcleos de produção. Aqui, as dificuldades para incentivo se agravam, já que o contato com essas produções não é regular e os espaços de distribuição não possuem destaque ou divulgação.


Biblioteca Comunitária Professor José Arnaldo do Clube O Osquindô, localizada no distrito de Passagem de Mariana - MG| Foto: Vitória Lopes

#Pratodosverem: A imagem mostra uma estante com diversos livros, a maioria histórias em quadrinhos. A imagem contém muitos detalhes entre eles uma janela na parte superior, na parte de cima à esquerda há a palavra “LER” e no centro uma máscara de artesanato.


Mariana Viana, jornalista e co-fundadora do Fora do Plástico, portal marianense dedicado aos fãs de quadrinhos, explica que um dos principais problemas de acesso e incentivo ao consumo do gênero na cidade é a falta de bancas e livrarias. “Falta um ponto de encontrar outra pessoa que lê também.” 


Outro ponto levantado por ela é a dificuldade em divulgar trabalhos fora do eixo Rio-São Paulo. Mariana destaca a necessidade de aprimorar a visibilidade de artistas de cidades menores e interioranas, pois a falta de reconhecimento prejudica a viabilidade de novos talentos e, consequentemente, a expansão do público leitor.


Cristiano Seixas enfatiza que a comunicação por meio das mídias digitais tem de melhorar para que as informações e as obras cheguem às pessoas. O quadrinista enxerga que a forma mais viável para um melhor alcance das obras seria a digitalização. Embora a venda digital possua desafios como preço e a experiência de leitura, a publicação de obras online permite um maior alcance.


Desvalorização e infantilização


Quadrinhos da Turma da Mônica de Maurício de Sousa que atravessam gerações de crianças no Brasil | Foto: Vitória Lopes 

#Pratodosverem: A foto mostra diversos gibis da Turma da Mônica abertos em diferentes histórias. As principais cores da imagem são o rosa, o amarelo e o azul vibrantes das ilustrações dos personagens.


Além da dificuldade de acesso, os quadrinhos também sofrem constante descrédito por serem considerados uma mídia inferior, segundo os fundadores do Fora do Plástico. Para eles, muitas vezes os quadrinhos são vistos como parte da literatura ou de ilustrações, mas os quadrinhos não ‘devem’ nada às outras mídias, pois eles próprios compõem uma mídia única. Seus códigos e linguagem própria são o que mobilizam o quadrinho a ser o que ele é. 


Somada à desvalorização os quadrinhos também são considerados uma mídia infantilizada, é o que compartilha o também jornalista e co-fundador da página Fora do Plástico, Pedro Ferreira. Cristiano Seixas reitera como essa imagem vem sendo desconstruída devido ao maior número de leitores, eventos e coberturas de eventos de HQs.


Imagem em formato de quadrinho com desenho de Mariana e Pedro | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem: A arte mostra Pedro Ferreira e Mariana Viana em estilo de quadrinhos preto e branco, cada um possui um balão com falas. No balão de Pedro a frase: “Existe um problema de quando a gente fala que trabalha com quadrinhos as pessoas pensam que se resume a Turma da Mônica e Super-Herói, quando na verdade tem de tudo”; no de Mariana tem a fala: “Não são um subgênero, não existe literatura em quadrinhos, assim como no cinema, você consegue sentir muita apreensão lendo um quadrinho de terror, é só que a forma como o quadrinho vai te trazer essa sensação é diferente. Não tem trilha sonora, nem jumpscare, mas a virada de página de quadrinhos pode ser assustadora.”


A importância comunicacional


As HQ's estabelecem sua comunicação de duas formas: por imagem e/ou texto escrito, que quando se unem, fazem o leitor ter uma experiência visual única. A ilustração tem destaque especial, já que é responsável por apresentar a composição do que será contado, proporcionando fluidez na leitura e facilitando o entendimento da história.


Cristiano enfatiza que outras mídias não oferecem as mesmas possibilidades de interpretação que os quadrinhos oferecem:

Balão de fala | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem: A imagem é formada por um único balão preto e branco no estilo de quadrinhos com a frase: “O tempo de virada de página, o jeito que o seu olho vai lendo aquela narrativa, como você vai interpretar o que eles falam (...) o mais importante é o espaço entre um quadrinho e outro, é onde o seu cérebro vai emendar uma ação na outra."


Pedro Ferreira esclarece que, no processo de aprendizado e desenvolvimento do apreço pela leitura, os quadrinhos podem exercer um papel fundamental: “A minha formação como leitor foi a partir de Mangás, e eu sinto que tem tantos temas que eu entenderia melhor se tivessem me apresentado pelos quadrinhos. Hoje em dia eu poderia entender a questão da Palestina por um quadrinho, sabe?”


‘O Lixo da História’ do artista Angeli  | Vídeo: Vitória Lopes

#Pratodosverem: No vídeo mostra páginas da coletânea de charges políticas do autor Angeli que aborda uma década de conflitos políticos e militares do Oriente Médio. 


Cenário Nacional


Em todo o mundo existem diversos eventos vinculados às histórias em quadrinhos, entre eles a Comic Con Experience (CCXP), anteriormente chamada de Comic Convention (Convenção de Quadrinhos), criado em San Diego em 1970. Realizada pela primeira vez no Brasil em 2014, o evento reúne milhares de pessoas apaixonadas não só por quadrinhos, mas também por cinema, games e áreas relacionadas à cultura pop, sendo o maior festival geek do mundo.


Sua 10ª edição brasileira aconteceu entre os dias 30 de novembro a 3 de dezembro de 2023, em São Paulo. Para aqueles que compram os ingressos existe a oportunidade de conhecer artistas e celebridades nacionais e internacionais, participar de workshops e ter acesso a prévias exclusivas de filmes, séries e jogos, além da comprar produtos relacionados.


No evento, há o espaço chamado Artist 's Valley, onde quadrinistas podem expor seus trabalhos e interagir com o público, um espaço de contato com os leitores e artistas, mas bastante focado na venda de produtos.


Em Minas Gerais


Já em solo mineiro, a cidade de Belo Horizonte é sede do principal evento unicamente de quadrinhos do país. O Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), criado na capital mineira em 1999, em sua primeira edição alcançou um público de aproximadamente 5 mil pessoas, segundo o Portal Belo Horizonte.


Balão de fala | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem: A imagem é formada por um único balão preto e branco no estilo de quadrinhos com a frase: “No caso de Minas a gente tem esse elemento formador que é o FIQ, um evento muito importante no cenário nacional - Mariana Viana”.


O evento, que acontece a cada dois anos, conta com a presença de quadrinistas nacionais e internacionais, com exposições, oficinas e homenagens aos profissionais da área. Diferente da CCXP, o FIQ é um evento exclusivamente de quadrinhos, todas as mesas, palestras e convidados são voltados para isto.


A entrada gratuita no evento é fundamental para a valorização da produção de quadrinhos de todas as partes do mundo. Neles, os quadrinistas têm a possibilidade de interagir melhor com o público e vender suas produções originais com maior espaço para conversas. Com a característica de apresentar quadrinistas, muitos dos artistas relevantes no cenário nacional hoje publicaram o primeiro quadrinho/obra no FIQ.


Em 2024, a capital mineira mais uma vez deve sediar a 12ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos, que deverá acontecer ainda no primeiro semestre e contará com a participação e cobertura da "Fora do Plástico". Neste mesmo período a cidade também sediará a Feira Mineira de Quadrinhos realizada anualmente pela Casa de Quadrinhos.


“E assim, dizer que o maior evento exclusivamente de quadrinhos é mineiro já é algo. Em Minas a gente pode dizer tranquilamente que há uma cena de quadrinhos e que tem muita coisa legal, muita gente produzindo” explica Mariana Viana.


Mesmo com os quadrinhos extremamente presentes na capital mineira, em Mariana vemos a cena de quadrinhos se dissipar. O cenário local é bastante escasso, tendo como únicos representantes o portal Fora do Plástico.


Acumulando quase 50 mil seguidores no Instagram, a página começou na cidade e até hoje acontece em Mariana, cidade natal de Pedro Ferreira, um dos fundadores. Mesmo com a iniciativa tão grande, eles pontuam que nunca tiveram contato com outros leitores de quadrinhos na cidade e que não veem consumidores de quadrinhos por aqui. 


Artistas marianenses


Quanto às produções locais podemos citar a ilustradora marianense Sakura Montana (Silas Teixeira). Ela teve seu primeiro contato com as ilustrações dentro da escola, a partir do incentivo de sua mãe, que era professora, foi ali que descobriu sua paixão por desenhos. Sakura começou a ilustrar digitalmente em 2014, sua primeira história em quadrinhos chamada “Lagarteens”, foi feita ainda no ensino médio. 


História em quadrinhos | Crédito: Sakura Montana (Silas Teixeira)

#Pratodosverem: Ao lado esquerdo a imagem mostra a capa da história em quadrinhos “Largateens”, de Silas Teixeira, publicado no Ateliê Virtual, volume um. Ao lado direito, há uma página da história em quadrinhos que conta a vida de Sakura e seus amigos, representados como lagartas, vivem um dilema na escola, quando Sakura vira uma borboleta seus amigos começam a ter um certo estranhamento com ela.


Em conversa com o Jornal Lampião, Sakura revela que suas ilustrações expressam muito do seu interior e de suas vivências pessoais.


Imagem em formato de quadrinho com desenho e fala de Sakura | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem: A arte mostra Sakura Montana (Silas Teixeira) em estilo de quadrinhos preto e branco, ela possui um balão com a fala: “Eu acho que minhas ilustrações fazem parte da minha personalidade, fazem parte de mim. É onde eu posso dizer o que eu sinto, o que eu gosto e é onde eu consigo defender minhas causas.”


Sakura conta que, à medida que ia desenhando, as ilustrações o ajudavam a perceber questões de raça, gênero e sexualidade que permeiam sua vida, o que serviu de impulso para que suas histórias trouxessem representatividade e inclusão. 


Silas é formado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Como artista e historiador, ele enxergou em Mariana uma nova inspiração: decidiu unir o passado histórico da cidade às suas ilustrações. Isso resultou no “Marianna Game”, um livreto sobre os principais personagens lendários e os espaços históricos de Mariana.


Silas Teixeira (Sakura Montana) e sua obra Marianna Game | Foto: Vitória Lopes

#Pratodosverem: A imagem mostra o ilustrador Silas Teixeira, um homem de barba usando óculos e boné, com blusa branca e listras amarelas, no pulso direito está usando um relógio preto e bermuda vinho segurando o cartaz de sua obra “Mariana Game”, com cores rosa e a Igreja São Pedro ao centro. Ao fundo há uma paisagem verde com árvores e diversas plantas, Silas está sentado numa mureta de pedra.


Assim como outros artistas, Sakura atualmente também trabalha como designer gráfico para conseguir estabilidade financeira. Ela enfatiza como o cenário para desenhistas e ilustradores em Mariana é bastante desafiador. “É bem desvalorizado, não vejo tanto investimento ou reconhecimento. Por ser uma uma cidade histórica e tradicional, nós, artistas contemporâneos que buscamos outros modos de nos comunicar artisticamente, ficamos um pouco para trás. Aqui o pessoal consome outros tipos de arte, barroca, pintura, etc”. 


No intuito de mudar esse cenário, os artistas buscam investimentos institucionais e leis de incentivo à cultura e à arte. Através desses mecanismos, artistas como Sakura podem se manter por meio de sua arte e também alcançar novos públicos. Ela acrescenta que, mesmo com a melhora nos financiamentos sociais, ainda se vêem falhas no processo de seleção dos editais e baixos orçamentos para produção. 


Também artista da cidade, há o ilustrador e quadrinista Jonatas Eufrásio, autor de diversos quadrinhos, inclusive seu trabalho de conclusão de curso.


Imagem com fala e desenho de Jonatas Eufrásio | Crédito: Ana Carolina Caetano

#Pratodosverem:  A arte mostra Jonatas Eufrasio em estilo de quadrinhos preto e branco, ela possui um balão com a fala: 

“O TCC partiu de uma ideia pessoal de que a ciência deve ser divulgada e de que a gente deve tentar simplificar os conhecimentos para as pessoas que às vezes não tem tanto acesso a livros e nem tanto tempo para se dedicar a isso.

Essas pessoas também precisam saber das coisas, e o quadrinho é um meio muito bom de se divulgar ciência.” 


Em seu trabalho de conclusão de curso, Jonatas expõe suas percepções acerca do sociólogo alemão Niklas Luhmann, autor que, durante a graduação, ele e os colegas tiveram muita dificuldade de compreender. Formado em Comunicação Informacional pela Universidade de Brasília (UnB), atualmente, Jonatas trabalha como ilustrador freelancer para o mercado internacional enquanto leva os quadrinhos como hobby.


Ainda em Mariana, Jonatas produziu o quadrinho Mneme, de mnemônico/memória. A obra fala de emoções profundas e arraigadas, sendo bastante elogiada pelos leitores. Jonatas distribuía exemplares por 10 reais cada: “Você começa ali em Mariana e tenta fazer um trabalho, mas tem muita dificuldade de levar alguma coisa a frente, no fim a gente faz por amor à cidade.”


Obra em quadrinhos "Mneme" | Crédito: Jonatas Eufrásio

#Paratodosverem:A primeira imagem mostra a capa da primeira edição do quadrinho “Mneme” do artista Jonatas, ela está em preto e branco e tem um sorvete no centro com a palavra TNT no meio da casquinha. A segunda é uma página do mesmo quadrinho, com uma pessoa pegando uma nota de 20 reais do chão e entrando dentro de uma sorveteria  que está escrito: “Destino?”


Para Jonatas, a principal diferença entre a produção de quadrinhos das capitais para o interior é a facilidade de capacitação de recursos e uma maior cultura de compra de quadrinhos nos grandes centros urbanos. Especificamente em Mariana, o artista diz ser difícil convencer as pessoas a lerem quadrinhos; ele vê as escolas como principal veículo de incentivo à leitura.


Incentivo 


Capas de obras literárias que foram transformadas em quadrinhos | Crédito: Vitória Lopes

#Pratodosverem:  Da esquerda para a direita: A primeira imagem apresenta a capa do quadrinho “Modotti - Uma mulher do século XX”, de Ángel de la Calle; no meio, “O diário de Anne Frank”, de Ari Folman e David Polonsky; e na direita “Os Lusíadas”, de Fido Nesti.


Uma das estratégias possíveis para esse incentivo seria a organização de espaços e eventos que aproximem os artistas das famílias, unindo aprendizado e entretenimento. São em locais como estes que tanto adultos quanto crianças podem ter contato com os quadrinhos e quadrinistas. 


Jonatas reitera que tanto as obras quanto os artistas de quadrinhos são considerados de segunda categoria. Ele enxerga uma possível melhora no cenário com a aproximação desses profissionais dos espaços pedagógicos: “Isso pode ajudar até mesmo na descoberta de novos talentos escondidos que não se desenvolvem por falta de oportunidade”.


Sakura também encoraja as artes que destacam a cidade e seus personagens como protagonistas das histórias: “É sobre levar produções artísticas que mostram lugares de Mariana que essas pessoas conheçam. Quando você mostra um jogo ou um livreto com as igrejas da cidade, ou que falem sobre o Alphonsus de Guimaraens e o Caboclo D’água, você fala sobre a identificação dessas pessoas com os lugares de onde elas vêm. É sobre ver um artista da mesma cidade que a sua tendo reconhecimento, isso motiva as pessoas”.


O incentivo também pode vir de parcerias público-privadas por meio de ações que promovam a distribuição dessas artes em locais públicos da cidade. Para Jonatas: “Eles podem trabalhar juntos com os artistas para que as produções sejam publicadas e divulgadas, algo que facilite a aquisição e leitura dessas histórias pela população”.


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